Escrevo meus versos de forma extensa e fluida. Estendem-se
com o fervor de minha alma, devorando, assim, todo o espaço a ser escrito! Surge
do interior, daquilo que mais tem de mim em mim. E não, claro que não! Não caberia em pequenos
versos! Somente na robustez de um belo parágrafo é que se encaixam as palavras
cujo significado está nelas mesmo, sem devaneios, sem falsa conotação! Meus
grandes versos dizem o que dizem: sem mais, sem menos!
Meu coração é quem fala! E como fala! Fala como uma criança
nervosa ou uma mãe brava. Fala como se quisesse sair do meu corpo e dizer a
todos que é aqui fora o seu lugar, e não lá onde habita, socado de sentimentos que
às vezes parece tão pequeno e fraco. Luta tão bravamente comigo que parece que
ele mesmo quer soltar pela boca e assumir, assim, a caneta para vir ao mundo, mas
quase sempre perde esta batalha desenfreada, repreendido pelo cotidiano, e se
mantém calado, inerte.
Creio que dessa forma a poesia se constrói de forma mais
natural, sem hipocrisia daqueles que se acham Os Intelectuais que se reúnem em
mesa de bar à meia luz, sempre com o seu copo baixo e largo repleto de whisky doze
anos e água de coco, vestidos com seus sobretudos cinza e cachecóis violeta dando
nós em seus pescoços! Se fosse eu aquele que ajustaria esses nós, seriam tão
apertados que lhes soltariam as cabeças, e como dizia o velho Raul – este, sim,
era um verdadeiro poeta – veriam seus corpos sem elas pela primeira e última
vez! Esses me enojam! Vem-me a ânsia do vômito! Sua grande maioria se acham
artistas e decoram sonetos de amor daquele outro Vinícius e os recitam,
galantes, para jovens moças nos seus dias mais libidinosos. Que bela moça não
quer ouvir palavras sedutoras? Pois é assim: recite-os com cara de bom moço,
voz grossa ao pé do ouvido e em breve provará do doce mel! Ele tanto fala de
amor, então me pergunto: O senhor – em respeito aos mais velhos – já sentiu o
amor? Eu posso dizer que se alguma vez amou, amou falsamente! Da mesma forma
que os bonitões partem os corações das belas moças justificando o sexo como
fim. Seus versos curtos soam mentira...
A arte não está em palavras mentirosas de amor, não está nos
cachecóis violeta, nos cortes retalhados de cabelo e nem nos óculos que esteve
na moda há trinta anos! A arte está dentro de si e são nas manifestações verdadeiras
que se realiza! A arte está em Cecília ou em Fernando Pessoa que conseguem
exprimir o cheiro da infância e a saudade! Estes são poetas! Seus versos são
curtos, suas palavras simples, seu significado avassalador!
9 comentários:
Excepcional!
Bom poder dizer o que está revelado dentro, trancado em chaves no inconsciente e que muito pouco se pode dizer. O mundo externo faz isso com a gente. E quando percebemos, tesouros guardados morrem conosco.
Parabéns Vinicius!
Nicius ,
Adorei o texto, gostoso de ler , e faz a gente pensar.
Continue escrevendo
tem nojinho de intelectuais? conte-me mais sobre isso...
hahaha! massa, dudz!!
keep going!
Muito, muito bom. Depois de ler o texto anterior pensei que o próximo com certeza não seria tão bom. Me enganei rendondamente, esse é fantástico. Compartilho desse nojo, o intelecto decorado, a arte como meio, o pedantismo como poesia... Viva a beleza despretensiosa ;) Parabens!
teste...
teste...
Meu estimado amigo.
Em agradecimento ao nosso convívio de tempos (ultimamente: de tempos em tempos), seguirei a risca o que manda um dos nossos filósofos prediletos (depois quero ver sua atenção nesse assunto) quanto à perspectiva do trabalho daqueles que nos são próximos.
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Decorar poesia (apesar de ser um mau decorador) tem sua beleza
...
Ser intelectual tem sua elegância..
o que não pode é ser soberbo com a sabedoria nem sovina com o conhecimento. Todavia, alguns intelectuais decepam-se sem necessitar forças expressivas. Bom que me polpa trabalho...
Outra coisa: quem faz sexo hoje recitando poesia?
Durante o mesmo as principais preocupações são outras. A menor, recitar versos e prosas.
Sexo e poesia são ótimos atrativos!
Na verdade sexo bem feito É uma poesia.
Ultimamente por exemplo deveria haver mais desses que se dizem intelectuais, sentados em mesas redonda. Porque se faltam esses em mesas piorou os verdadeiros. Ainda, outros verdadeiros às escondidas...
hoje é um viva à futilidade!!!
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